quarta-feira, 31 de maio de 2023

A COMÉDIA E O SUPEREGO

 


O cerne do que nos faz explodir de risos é o debochar do Superego. Nós todos temos uma raiva reprimida dessas leis tirânicas (e frequentemente idiotas) que formam o senso comum e que absorvemos em nossos Superegos, pela chantagem: “seja assim, ou você vai ser cancelado/desamparado”.

Mas há níveis em que o deboche do Superego nos faz rir, e níveis em que a gente diz, “ah, aí também não!”, e passamos a criticar a comédia. 

Novamente, quem decide esse limiar é também o senso comum, que muda a cada tempo. Por exemplo, o auge das demonstrações de superioridade moral e de níveis de se sentir ofendido por tudo parece estar passando, saindo de moda, mas ainda assim…

Um desses níveis parece ter sido transposto por um comediante de stand-up, que vinha usando o senso comum do politicamente correto para transgredi-lo sistematicamente em tudo que podia. 

Aí o Superego veio com tudo: “Tá vendo no que dá esse excesso de liberdade!?” No entanto, nossa liberdade e nosso direito de mandar na própria vida são fruto de uma crescente negociação/transgressão com as leis do Superego. Com direito a avanços e recuos… e mudança das leis.

Se não fosse assim, ninguém conquistaria uma vida sexual não transgressora…



domingo, 21 de maio de 2023

DEUSES E DEMÔNIOS - O AMIGO PERGUNTA

 



De Gilson Gusmão: “É possível rezar a Deus e a Lúcifer? Ou ambos são a expressão do mais profundo âmago da pessoa humana?”

Francisco Daudt: A devoção aos deuses é mais clara e declarada que aquela dirigida aos demônios. E veja que não estou tratando de fés particulares, e sim dos mecanismos da mente humana.

Como já disse, as ficções religiosas partilhadas trazem consolo e amparo, e podem fazer parte da variedade de saúdes mentais. Um psicanalista que se propuser a ditar como é a saúde mental “certa” estará pautado pelo Superego, e essa psicanálise não me serve.

Mas… (e em termos humanos sempre há um “mas”) o desejo de poder e proeminência que a espécie tem - são nossos chamarizes sexuais - é bem capaz de criar tanto cultos demoníacos, quanto religiões que clamam pela “morte aos infiéis”: é nossa tendência inata à tirania.

Há duas ficções partilhadas que muito aprecio, e a favor das quais argumento: o indivíduo e a democracia. Esta última tem só 2.400 anos. O indivíduo é mais jovem, é pós-iluminista, só tem 500 anos.

Mas para mim, apesar de serem tão “antinaturais” quanto o antibiótico (esse tem o agravante de ser “contra a vida”… das bactérias), indivíduo e democracia formam um par indissolúvel: ele tem direito de voz e voto. Nas tiranias, as massas devem ser avassaladas e assim caladas.

Então, deuses e demônios podem morar “no mais profundo âmago” do sapiens; podem ser “seus institutos mais primitivos”, como a tirania o é.

Mas eles não são a “nossa verdade”, nem “aquilo que está por trás” de todos. São apenas uma faceta de nossa complexidade, e que, assim como aprendemos a falar, eles podem ser trazidos à consciência, para participar com suas vozes do parlamento mental que proponho entre Ego, Id e Superego.

“Participar”, e não “imperar”.




RITA LEE E O XIXI - O AMIGO PERGUNTA

 



Amigo do Facebook: "Eu me dei conta, diante dessa perda, que todas as vezes que vou ao banheiro, só consigo fazer xixi cantarolando aquele verso da música da Rita Lee (“eu fiz / xixi / fricote”). Por que isso?”

Francisco Daudt: O controle dos esfíncteres que retêm fezes e urina recebe uma influência muito grande do nosso Superego, sobretudo em obsessivos: há sempre uma parcela de “dever ser regulado e limpo, fazer as coisas na hora certa e no local adequado”. Superego de obsessivo e controles formam uma parceria indissolúvel.

De modo que, não é incomum haver rituais de desligamento dos controles para que os esfíncteres relaxem. Rituais para ambas as funções. Mulheres sofrem mais do que homens, pois suas facilidades não são tantas, o que impede que usem qualquer lugar/hora para seu alívio. É comum que sofram de prisão de ventre.

O que você usa é um pequeno ritual para distrair o Superego e relaxar o controle.



DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 5º capítulo - continuação: Neuroses

 


DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 5º capítulo - continuação

NEUROSES

As Neuroses são resultado de um tipo particular de mecanismo de defesa contra a angústia: a repressão (em alemão, “verdrängung”, às vezes traduzido como “recalque”).

A tradução mais correta do “verdrängung” usado por Freud é “desalojamento”, pois o mecanismo afasta da consciência o sentimento proibido pelo Superego (raiva ou tesão) e coloca outra coisa não reconhecível - mas de algum modo relacionada - em seu lugar. Exemplo: o tesão visual proibido some e em seu lugar aparece uma cegueira psicológica; a cegueira é mais aceitável para o Superego que aquele tesão.

Há dois grupos de neurose: as que resultam da repressão da raiva (obsessiva e fóbica) e as da repressão do impulso sexual (histeria).

(Na foto, Charcot em uma de suas demonstrações públicas da histeria).

(em breve os próximos capítulos)



DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 5º capítulo - Doenças psíquicas: neuroses, vícios, psicoses, depressão e síndromes/transtornos/distúrbios

 


DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 5º capítulo

Doenças psíquicas: neuroses, vícios, psicoses, depressão e síndromes/transtornos/distúrbios.

As doenças são mecanismos de defesa contra a angústia de desamparo mais estruturados: contêm sintomas.

Neuroses:

Os sintomas neuróticos são sempre…

a) esquisitos: p.ex. medo irracional de baratas (fobias); paralisias e anestesias (histeria); atos e rituais repetitivos “inúteis” (obsessivas).

b) involuntários (o que os diferencia dos sintomas dos vícios, pois que estes parecem ser resultado de vontade consciente).

c) monotemáticos (sempre baratas, sempre os mesmos rituais).

d) compulsivos (imunes à vontade/controle de seus portadores).

e) alugantes de grande espaço mental (diários, atrapalham a vida).

f) desprazerosos (eles têm que ser feitos, mas não dão nenhum prazer, ao contrário dos sintomas de vícios).

(em breve os próximos capítulos)


DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 4º capítulo - Angústia, e os mecanismos de defesa contra ela: Inibição e Sintoma

 


DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 4º capítulo

Angústia, e os mecanismos de defesa contra ela: Inibição e Sintoma

Angústia:
“Aperto”, é o significado da palavra de origem. “Angst” significa “medo”, em alemão. É medo que dá um aperto no peito ou na boca do estômago.

Há vários medos naturais (escuridão, altura, confinamento, grandes felinos, répteis, grandes insetos voadores etc.), mas a angústia vem principalmente do maior medo da humanidade: o medo do desamparo.

Sua principal fonte é a imaginação: “fiz merda, vou ser abandonado, expulso, deserdado, desamado, preterido, difamado, demitido, cancelado, bloqueado, exilado, degredado, desprezado, difamado, segregado, escorraçado, desempregado, rejeitado, repudiado, abominado…”

Pela quantidade de verbos correlatos, pode-se ter a dimensão do terror que desamparo representa para nossa espécie. Um terror que vem da infância: não há outra espécie que tanto dependa de amparo como a nossa.

Há outra fonte de angústia não claramente relacionada com medo: a angústia de raiva impotente, uma das geradoras dos estados depressivos.

A presença da angústia dispara mecanismos que nos defendam dela, mesmo a altos custos - como os das doenças psíquicas. Algo como “é melhor ter a doença do que ter a angústia”.

Inibição:

A inibição é um mecanismo preventivo de defesa contra o medo do desamparo: evitar o seu risco.

Como funciona: num processo de trinta passos para alcançar um objetivo de seu desejo, algo de muito ruim é imaginado no passo 13, e por isso não se dá o passo 1.

É claro que, se você se imagina tendo que ir cumprir uma obrigação chata, e se imagina num ambiente hostil e entediante, e como resultado acaba não indo, isso não se chama inibição, chama-se sabedoria.

A inibição impede a realização de um desejo seu: “Ah, se eu for lá falar com ela, ela vai ver que eu não sou desejável e vai me rejeitar; melhor não ir…”. Eis um caso de inibição verdadeira.

O que não costuma ser verdadeiro é o horror imaginado do passo 13. Em geral, ele é o fruto do mau julgamento que o Superego faz:

a) do inibido: “indesejável”, “insuficiente”, “incapaz” etc.

b) do mundo externo: “não vou ser bem recebido”; “as exigências são muito altas”; “as pessoas são muita areia pro meu caminhãozinho”.

Sintoma:

É o mais custoso mecanismo de defesa contra a angústia. Um acontecimento psíquico compulsivo (mais forte do que nossa vontade, e alheio a ela), repetitivo, sempre da mesma forma, e que toma muito espaço em nossas vidas pelo seu grande aluguel mental.

É ele a principal manifestação das doenças psíquicas.

(em breve os próximos capítulos)



DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 3º capítulo - Narcisismo

 



DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 3º capítulo.

Narcisismo.

Nascemos narcisistas (Freud o chamou de narcisismo primário), ignorando o mundo externo, que dirá a complexidade de outra pessoa.

Somos despertados para isso através do incômodo: a luz da sala de parto, o som, a manipulação, a fome, o frio. Aspectos interessantes do mundo virão depois, nos farão amar e sorrir. E nos interessar por ele.

Mas há uma fragilidade herdada para alguns (em torno de 7%, um pouco mais comum em homens): o narcisismo. Nesses, o mundo lhes interessará como espectador de si, como serventia de adorno, como comparação/espelho, como objeto de inveja, como tela projetiva das suas características. Nunca como algo com existência própria a considerar.

Importante: Nenhuma das características citadas aqui é fruto de malícia, escolha, mau caráter, má intenção. Elas acontecem apenas porque o perfil narcisista veio com a máquina: é uma triste limitação, mas com alguma margem de conserto, caso a pessoa se dê conta do que sofre e queira corrigir isso.

Sua incapacidade de empatia, de se pôr na pele de quem é diferente e tentar descobrir como alguém sente ou pensa, é secundária à falta de interesse pelo outro. A menos que esse outro lhe seja de alguma serventia ou incômodo.

As pessoas, para o narcisista, se dividem em duas categorias: os que lhe podem prover algo e os que podem tirar algo dele (“suppliers and takers”). Os provedores serão buscados; os que podem tirar, eliminados.

Esse provimento pode ir da mera atenção ao sustento, passando pelo ornamento de fama (é comum que o narcisista seja um “name dropper”, alguém que vive citando nomes de famosos, seus contatos importantes serão sempre lembrados), pelo aplauso e elogio, pela adoração (é comum que o narcisismo incida junto com a boa aparência, ou a beleza ajuda a formação e desenvolvimento do narcisismo: a criança recebe atenções e elogios desde pequena).

A parte da retirada, da subtração (takers) merece atenção especial por parte do narcisista. Sua principal sensibilidade será para a retirada de valor de sua autoimagem: reparos, críticas, qualquer indício de que o outro não lhe acha perfeito será motivo de rompimento, cancelamento, bloqueio nas redes sociais, queixas e reversão de culpa (“ele disse que eu sou menor, mas quem é menor e ele!”).

É importante notar que um supplier pode se transformar facilmente num taker: um “filho/filha que deu desgosto”, ou que não lhe orna mais; alguém que lhe apontou algum defeito, mesmo depois de anos de supplier. Nesses casos, o descarte virá rápido, e a pessoa sumira da cabeça do narcisista: narcisistas não sentem saudades de pessoas, e sim de situações.

Seria uma condição inconsciente de super insegurança sobre seu próprio valor, que aparece como necessidade permanente de afirmação desse suposto valor. Uma espécie de obsessão de autoafirmação.

O narcisista funciona permanentemente como se estivesse à beira do abismo, o abismo de virar merda. Por isso eles são os mais suscetíveis ao vício sadomasoquista fodão-merda: afirmam-se fodões por medo de se verem merda. Pergunte a um deles se isso é verdade, e dirão que nunca se imaginaram assim. Donald Trump é a maior caricatura do narcisista.

Os narcisistas que buscam terapia só a tolerarão se o terapeuta não cair na besteira de lhes fazer um reparo, de lhes apontar um defeito, uma falha que os diminua: mudarão de terapeuta ato contínuo, desqualificando o demitido. Só lhes serve o terapeuta “lustra-neura”, passador de pano, reafirmador de sua condição de vítima.

A inveja é o motivo mais comum para um narcisista pensar em alguém. Como o outro só lhe serve de espelho (pois não tem existência própria), se ele se vê melhor (ou se o outro lhe adorna), tudo bem. Mas se o outro lhe parece melhor, tem mais do que ele, o ódio da inveja lhe entra na alma.

Mas, vamos lembrar, há diversos graus de narcisismo e ninguém está isento de algum grau. As características descritas acima devem ser avaliadas de maneira percentual: pergunte-se, “de zero a dez, quanto eu tenho disso?” Se a contagem não for alta, você não é um narcisista genético.

Mesmo porquê, existe também o narcisismo do tumulto mental: condições perturbadoras, estresses e depressão, assim como um TDDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) mais grave podem alugar a cabeça de modo a não haver espaço para mais ninguém.

É o “narcisismo da farpa no dedo”: “meu dedo com farpa é a coisa mais importante do mundo”… até que a farpa saia dali.

Por fim, há narcisistas que veem sua condição como um problema, e que chegam à análise querendo mudar. São capazes de aprender empatia como se fosse uma língua estrangeira, são capazes de uma substancial diminuição da percentagem de seu narcisismo.

(em breve os próximos capítulos)



ATENDENDO AOS ALUNOS: DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE - 2º capítulo - Perfis mentais genéticos: obsessivos e narcisistas

 


ATENDENDO AOS ALUNOS: DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE - 2º capítulo
Perfis mentais genéticos: obsessivos e narcisistas

Um dos principais cuidados que um psicanalista precisa ter é não tirar os outros por ele. Há várias “formatações cerebrais” com as quais se nasce, é preciso entender qual.
Nem estou falando de síndromes mais evidentes, como o espectro autista ou a de Down, mas especificamente de duas genéticas: o caráter obsessivo e o narcisismo. É pura loteria genética, mas… se a pessoa é fruto de dois narcisistas, ou de dois obsessivos, as chances de sê-lo também são altíssimas. Começando pelos…

1. Obsessivos:

Podem ser detectados desde a tenra infância, pela obsessão detonada na época em que ganham capacidade de controlar a liberação das fezes. A obsessão básica é ter controle e ter pureza. Sobre as sujeiras físicas (o cocô) e sobre as sujeiras de espírito (a raiva). O antimodelo maior será “jogar merda no ventilador”: a explosão de raiva.

Sua concepção de tudo é radical e extremada: certo ou errado; limpo ou sujo; bom ou mau; amor ou raiva; arrumado ou bagunçado; pontual ou atrasado; zero ou cem.

Rigidez e rigor imperam. Não há meio-termo, não há flexibilidade, não há ambivalência (quando ambos valem), não há tolerância: todos os primeiros ítens são bons e puros; todos os segundos são maus e sujos.

Serão de dois tipos:

1. Os hiperculturais: meticulosos, limpos, ordeiros, arrumados, bonzinhos, estudiosos, prestativos, obedientes, amorosos e… controlados/controladores.

2. Os contraculturais (também chamados de “rebeldes” ou “prisioneiros da vingança”): tudo ao contrário do que os pais mandaram, o avesso de todos os ítens acima.

(Em breve os próximos capítulos)



DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE - 1º capítulo

 


ATENDENDO AOS ALUNOS:

DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE - 1º capítulo

Os psicanalistas se desinteressaram da busca da cura por vários motivos: insucesso terapêutico, sim, mas também porque não aprendem a diagnosticar as doenças psíquicas (psicopatologia).

A psicopatologia psicanalítica não é igual à da classificação habitual das doenças mentais do C.I.D. (Código Internacional das Doenças, cuja lista oficial tem mais de 300 ítens).

Os alunos me pediram; fiz então um roteiro diagnóstico condensado para eles, tudo voltado para aquilo em que a psicanálise tem efeito.

Sua base é mais simples, mesmo porque há várias doenças que estão fora do alcance da terapia psicanalítica. As psicoses, p.ex. Eu não vejo como alcançá-las pela psicanálise, apesar da importância em diagnosticá-las, para distingui-las das neuroses.

Esse roteiro deve morar em suas cabeças. Não é o caso de, na entrevista com um novo cliente, sair perguntando ítem por ítem, mas é importante saber o que pesquisar.

A psicanálise que proponho busca a cura das doenças. É certo que cura, em psicanálise, é sempre diminuição percentual das doenças psíquicas, que não se zeram nunca. Mas para buscar a cura, o primeiro passo é o diagnóstico. Vamos a ele então.

(Em breve os próximos capítulos)




A FUNÇÃO DO INCONSCIENTE - O AMIGO PEGUNTA

 



De Fernando Coelho: O inconsciente está a serviço de quê?

Francisco Daudt: Da mãe natureza. É nele que moram os softwares inatos de busca de prazer que nos levam à reprodução. É o DNA fabricando suas cópias. É de lá que a natureza nos manipula.

Claro, também têm os softwares de autopreservação, pois pela lógica do DNA não se pode morrer antes de reproduzir a cópia que ele deseja.

No nosso caso, o mais sensível deles é o que causa medo de desamparo. É esse que vai levar de volta ao inconsciente qualquer desejo que nos traga esse risco, num mecanismo de defesa chamado “repressão”.

O reprimido é o inconsciente que a psicanálise tornou mais famoso, pois ele causa bagunça em nossas vidas: as doenças psíquicas. Mas nem de longe é o único morador do inconsciente.

Espinosa disse que “a liberdade consiste em conhecer os cordéis que nos manipulam”. É por isso que eu gosto tanto da psicanálise e da psicologia evolucionista: cordéis culturais e cordéis naturais.




quinta-feira, 11 de maio de 2023

O ALUNO PERGUNTA - Sobre Dalai-Lama



De Pedro Buarque Bisaglia : Sobre o Dalai-lama.

Admitindo que o último episódio seja fruto de demência, pergunto:

A demência pareceu diminuir a censura do superego, mas não os impulsos do Id.

Porque?

Francisco Daudt: Não tenho nenhum diagnóstico sobre o caso em si, por falta de dados e de interesse. Tenho diagnóstico sociológico sobre a horda de demonstrações de superioridade moral.

Quanto à demência, o Id é mais primitivo/raiz que o Superego, que é um acréscimo cultural aos programas de autopreservação. É compreensível que o Superego seja destruído antes.