quarta-feira, 31 de maio de 2023
A COMÉDIA E O SUPEREGO
domingo, 21 de maio de 2023
DEUSES E DEMÔNIOS - O AMIGO PERGUNTA
RITA LEE E O XIXI - O AMIGO PERGUNTA
DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 5º capítulo - continuação: Neuroses
DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 5º capítulo - Doenças psíquicas: neuroses, vícios, psicoses, depressão e síndromes/transtornos/distúrbios
DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 4º capítulo - Angústia, e os mecanismos de defesa contra ela: Inibição e Sintoma
DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 3º capítulo - Narcisismo
DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 3º capítulo.
Narcisismo.
Nascemos narcisistas (Freud o chamou de narcisismo primário), ignorando o mundo externo, que dirá a complexidade de outra pessoa.
Somos despertados para isso através do incômodo: a luz da sala de parto, o som, a manipulação, a fome, o frio. Aspectos interessantes do mundo virão depois, nos farão amar e sorrir. E nos interessar por ele.
Mas há uma fragilidade herdada para alguns (em torno de 7%, um pouco mais comum em homens): o narcisismo. Nesses, o mundo lhes interessará como espectador de si, como serventia de adorno, como comparação/espelho, como objeto de inveja, como tela projetiva das suas características. Nunca como algo com existência própria a considerar.
Importante: Nenhuma das características citadas aqui é fruto de malícia, escolha, mau caráter, má intenção. Elas acontecem apenas porque o perfil narcisista veio com a máquina: é uma triste limitação, mas com alguma margem de conserto, caso a pessoa se dê conta do que sofre e queira corrigir isso.
Sua incapacidade de empatia, de se pôr na pele de quem é diferente e tentar descobrir como alguém sente ou pensa, é secundária à falta de interesse pelo outro. A menos que esse outro lhe seja de alguma serventia ou incômodo.
As pessoas, para o narcisista, se dividem em duas categorias: os que lhe podem prover algo e os que podem tirar algo dele (“suppliers and takers”). Os provedores serão buscados; os que podem tirar, eliminados.
Esse provimento pode ir da mera atenção ao sustento, passando pelo ornamento de fama (é comum que o narcisista seja um “name dropper”, alguém que vive citando nomes de famosos, seus contatos importantes serão sempre lembrados), pelo aplauso e elogio, pela adoração (é comum que o narcisismo incida junto com a boa aparência, ou a beleza ajuda a formação e desenvolvimento do narcisismo: a criança recebe atenções e elogios desde pequena).
A parte da retirada, da subtração (takers) merece atenção especial por parte do narcisista. Sua principal sensibilidade será para a retirada de valor de sua autoimagem: reparos, críticas, qualquer indício de que o outro não lhe acha perfeito será motivo de rompimento, cancelamento, bloqueio nas redes sociais, queixas e reversão de culpa (“ele disse que eu sou menor, mas quem é menor e ele!”).
É importante notar que um supplier pode se transformar facilmente num taker: um “filho/filha que deu desgosto”, ou que não lhe orna mais; alguém que lhe apontou algum defeito, mesmo depois de anos de supplier. Nesses casos, o descarte virá rápido, e a pessoa sumira da cabeça do narcisista: narcisistas não sentem saudades de pessoas, e sim de situações.
Seria uma condição inconsciente de super insegurança sobre seu próprio valor, que aparece como necessidade permanente de afirmação desse suposto valor. Uma espécie de obsessão de autoafirmação.
O narcisista funciona permanentemente como se estivesse à beira do abismo, o abismo de virar merda. Por isso eles são os mais suscetíveis ao vício sadomasoquista fodão-merda: afirmam-se fodões por medo de se verem merda. Pergunte a um deles se isso é verdade, e dirão que nunca se imaginaram assim. Donald Trump é a maior caricatura do narcisista.
Os narcisistas que buscam terapia só a tolerarão se o terapeuta não cair na besteira de lhes fazer um reparo, de lhes apontar um defeito, uma falha que os diminua: mudarão de terapeuta ato contínuo, desqualificando o demitido. Só lhes serve o terapeuta “lustra-neura”, passador de pano, reafirmador de sua condição de vítima.
A inveja é o motivo mais comum para um narcisista pensar em alguém. Como o outro só lhe serve de espelho (pois não tem existência própria), se ele se vê melhor (ou se o outro lhe adorna), tudo bem. Mas se o outro lhe parece melhor, tem mais do que ele, o ódio da inveja lhe entra na alma.
Mas, vamos lembrar, há diversos graus de narcisismo e ninguém está isento de algum grau. As características descritas acima devem ser avaliadas de maneira percentual: pergunte-se, “de zero a dez, quanto eu tenho disso?” Se a contagem não for alta, você não é um narcisista genético.
Mesmo porquê, existe também o narcisismo do tumulto mental: condições perturbadoras, estresses e depressão, assim como um TDDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) mais grave podem alugar a cabeça de modo a não haver espaço para mais ninguém.
É o “narcisismo da farpa no dedo”: “meu dedo com farpa é a coisa mais importante do mundo”… até que a farpa saia dali.
Por fim, há narcisistas que veem sua condição como um problema, e que chegam à análise querendo mudar. São capazes de aprender empatia como se fosse uma língua estrangeira, são capazes de uma substancial diminuição da percentagem de seu narcisismo.
(em breve os próximos capítulos)
ATENDENDO AOS ALUNOS: DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE - 2º capítulo - Perfis mentais genéticos: obsessivos e narcisistas
DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE - 1º capítulo
A FUNÇÃO DO INCONSCIENTE - O AMIGO PEGUNTA
quinta-feira, 11 de maio de 2023
O ALUNO PERGUNTA - Sobre Dalai-Lama
De Pedro Buarque Bisaglia : Sobre o Dalai-lama.
Admitindo que o último episódio seja fruto de demência, pergunto:
A demência pareceu diminuir a censura do superego, mas não os impulsos do Id.
Porque?
Francisco Daudt: Não tenho nenhum diagnóstico sobre o caso em si, por falta de dados e de interesse. Tenho diagnóstico sociológico sobre a horda de demonstrações de superioridade moral.
Quanto à demência, o Id é mais primitivo/raiz que o Superego, que é um acréscimo cultural aos programas de autopreservação. É compreensível que o Superego seja destruído antes.