terça-feira, 30 de janeiro de 2024

O GUARDIÃO DO SUPEREGO

 


O frei Jorge de Burgos guardava a biblioteca do mosteiro, onde havia o livro perigoso de Aristoteles, sobre o humor (“O nome da Rosa”, sobre o livro de Umberto Eco).

O perigo do humor era que ele desmistificava o Superego, tirava o medo dos supostos demônios que moram em nós. E sem medo do demônio, os deuses são desnecessários…

(Na foto, Fiodor Chialiapin Jr. no papel de Jorge de Burgos)





SÍNDROME DE ZELIG - “FALSO SELF”

 


“Falso self” é um conceito criado por Winnicott: descreve alguém que, pressionado pelo medo de desamparo, é capaz de construir e incorporar um personagem alheio a si mesmo, como um meio de aceitação social.

Seria o exagero máximo do “people pleasing”, que Woody Allen caricaturou em seu filme “Zelig”, um tipo que absorvia rapidamente as características do interlocutor, de modo a ser por ele o mais aceito possível. 

Quem sofre dessa síndrome do falso self não conhece quase nada de si mesmo, de seus desejos, tem pouca capacidade reflexiva, suas reações estão todas voltadas para agradar e ser acolhido pelo interlocutor em quem ele vê capacidades de amparo.

É um desafio para qualquer psicanalista, pois como cliente, ele tenderá também a querer agradar o terapeuta, detectar seus desejos e apresentar “fantásticas melhoras” de seu quadro, em tempo recorde, mas… também ter “recaídas”, assim que retorne ao seu meio de amparo original.

Quanto mais intolerante a diferenças for o meio amparador original, mais “falsas características” a pessoa incorporará, só para não destoar de seu meio. 

Isso se torna mais agudo em tempos como os atuais, de alta polarização e alta intolerância com as diferenças.






domingo, 14 de janeiro de 2024

O QUE É A CONSCIÊNCIA

 


A nossa espécie ganhou o nome de “homo sapiens sapiens” porque Linæus a designou como o “homem que sabe que sabe”, características da autoconsciência, algo único entre as espécies. 

O “saber que sabe” é a consciência que nos interessa, a Freud e a mim. Ela não é um teatro, nem um filme, pois seu conteúdo não visual é imenso, apesar de ela poder ser conceituada como “o olho que vê para dentro”. 

Neste momento, p.ex., não há conteúdo visual para mim, apenas os conceituais, que me impulsionam para responder essa questão da maneira mais legal que posso.

A consciência lida o tempo todo com arquivos de memória, e ela os liga através da bússola do desejo (busca de prazer). Então, somos impulsionados pela busca do prazer (essa é a força do DNA, que nos leva à reprodução) para gerenciar nossos arquivos de memória com a finalidade de… nos causar mais prazer (ou arranjar jeitos de evitar desprazeres). 

É o que vejo sendo a consciência: uma ferramenta a mais para a reprodução/busca de prazer/sobrevivência.



PANDEMIA DE MIMADINHOS, LINHA DE MONTAGEM

 


Freud aponta os pais como origem dos traumas de seus clientes. Quando esses se tornam pais, morrem de medo de que seus filhos venham a falar mal deles com seus futuros analista. Como consequência, abrem mão da coisa mais importante na criação dos filhos, a AUTORIDADE. Passam a bajuladores dos filhos. Resultado: mimadinhos.

Marx divide o mundo em opressores e oprimidos. Os partidos comunistas ocupam todas as vagas de possíveis de professores, educadores e mídia, dentro das escolas e fora delas. O exemplo mais próximo de opressores que as crianças têm são seus pais. Ao mesmo tempo, é extremamente sedutora a posição de oprimidos, de coitadinhos, de vítimas, pois a manipulação do sentimento de culpa é fonte de muito poder. Quando esses filhos se tornam pais, morrem de medo de serem vistos como opressores. Como consequência, abrem mão da coisa mais importante na criação dos filhos, a AUTORIDADE. Passam a bajuladores dos filhos. Resultado: mimadinhos.

Lembrando: quando o assunto é governo, a ditadura é menos má que o caos, a falta de AUTORIDADE,  o caos é o pior cenário, mas… a democracia dá de dez!