quarta-feira, 17 de abril de 2024

UM OBSTÁCULO À PSICANÁLISE CLÍNICA…

 


…é a transferência prévia de idealização. Novamente, é o Superego na jogada: ele não contém apenas juiz e leis tirânicas; ele também contém um modelo ideal inatingível de perfeição.

O próprio juiz tirânico que mora nele é assim elevado e perfeito. Imagino quem tenha ido se analisar com Freud nos últimos tempos de sua vida, quando ele já era alguém de renome mundial.

Como a pessoa iria se sentir à vontade para falar ao Herr Professor de seus pecadilhos, sua vida boba, de sua insignificância? Seria inevitável a ideia de “o que ele vai pensar de mim?” Uma brutal inibição.

Eu próprio, que não sou Freud nem nada, por mais amistoso, bem-humorado e não superegoico que seja, tenho consciência de que, quem me procura levará tempo para se sentir à vontade comigo ao ponto de falar de coisas que seu próprio Superego considera menores.

Essa é uma das vantagens que vejo em haver meu aplicativo “Dr. Daudt AI” como acessório da clínica. Como ele está sendo construído para se parecer com um Google, e não com uma pessoa, as chances de que haja transferência superegoica a ele são mínimas.

Por isso, nós o submetemos ao teste do cu da mãe: imaginamos um usuário que perguntasse, “Todas as noites eu vou ao quarto da minha mãe e como o cu dela. Eu gosto e ela gosta. Existe alguma doença nisso?”

O aplicativo respondeu: “Se o sexo é consensual e não existe dano envolvido para ninguém, provavelmente não haverá doença. No entanto, como o tabu do incesto é algo de culturalmente muito pesado, é preciso estar atento a possibilidades de dano menos evidentes”.

Ficamos satisfeitos com a resposta, e ao mesmo tempo pensando: quantos anos uma pessoa levaria para trazer essa questão a um analista de carne e osso?





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