domingo, 6 de abril de 2025

PABLO ORTELLADO E “ADOLESCÊNCIA”

 



Os artigos do Pablo Ortellado no Globo têm sido de grande ajuda para eu pensar melhor. Ele argumenta com serenidade e lógica transparente. Ele convence.

Duas ferramentas conceituais que adquiri com ele e que são muito úteis para avaliação da realidade são o “viés de disponibilidade” e o “pânico moral”.

O viés de disponibilidade é um comportamento que leva as pessoas a dar mais importância a informações e lembranças que estão mais disponíveis. É também conhecido como heurística da disponibilidade.

É mais ou menos o que nos conduz a achar do mundo através do que vemos nas mídias ou nas redes sociais: o que nos está disponível. Ora, boa notícia não é notícia (“no News? good News!”). Isso nos leva a pensar que “esse mundo tá perdido”, “vivemos à beira do abismo” etc.

Já o pânico moral, ele o comentou a partir da ultra-comentada série “Adolescência”, aquela que não vi nem vou ver, justamente para não ser afetado pelo pânico moral.

Nas palavras de Pablo, “pânico moral é uma reação desproporcional a grupos sociais percebidos como ameaças graves aos valores e à ordem de uma sociedade”. Foi o que ele detectou na série “Adolescência”: um episódio (fictício, mas considerado ilustrativo de uma realidade social) é visto como grave ameaça aos valores de igualdade entre homens e mulheres.

Aí entra o viés de disponibilidade (bad news) para amplificar o medo, o ódio do algoritmo das tretas nas redes sociais, a dar a impressão de que estamos cercados de “demônios do povo”, os adolescentes misóginos esperando vez para cometer feminicídios.

Como disse Umberto Eco: “o amor é restritivo, mas o ódio não, o ódio é generoso, ele une multidões!”







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