O AMIGO PERGUNTA SOBRE O SUPEREGO DOS MIMADOS
“Os mimados desenvolvem um Superego? Como seria isso, se eles nunca são ameaçados de desamparo?”
Francisco Daudt: Primeiramente vamos considerar os tipos de mimo:
1. Mimo do “amor absoluto”: pais que confundem autoridade com autoritarismo, estabelecimento de limites com opressão;
que temem a simples possibilidade de seus filhos os verem como “maus”; que culparam seus pais por todos os seus problemas (e temem que no futuro seus filhos façam o mesmo com eles);
que reprimem as irritações que seus filhos lhes causam, e reagem exageradamente com manifestações “amorosas” a cada vez que se irritam com eles;
que obedecem ao senso comum de ter que dizer “eu te amo” para os filhos várias vezes por dia;
que nunca contrariam seus pedidos.
Como é o Superego gerado, nesses casos? É um cruel Superego terceirizado: seus pais, por submissão e medo dela, a tornaram num pequeno tirano: eles a puseram na posição de Superego deles. Eles a induziram a um vício sadomasoquista de domínio/submissão em que ela é o dominador e eles as vítimas.
Ao mesmo tempo vai se construindo o “Superego bomba-relógio”: a criança vai descobrindo que o mundo é duro (infinitamente mais duro para ela, por contraste com sua casa), vai caindo na real sobre seu despreparo para negociar fora de casa, onde as pessoas não se comportam como seus pais.
A criança se vê incapacitada para qualquer tipo de construção (aquilo que lhes daria autonomia e independência).
O drama frente a qualquer dificuldade é sempre enorme. A possibilidade de ela desenvolver vício em substância “para aliviar esse duro” será enorme: a substância mais comum será a maconha.
2. Mimo do descarte: pais que aceitam qualquer coisa dos filhos para se verem livres deles o mais rápido possível, para que voltem aos seus reais interesses. Não querem ir ao colégio? Tudo bem. Querem passar o dia no celular? Melhor ainda.
Muito comum em filhos de casais separados, que vivem dois regimes de governança, um permissivo e o outro cobrador.
Como o Superego é gerado, nesses casos? O lado cobrador acaba representando o “mundo sério e duro” (a construção vista com horror), o mundo do Superego. O lado permissivo forma sua defesa viciante, o “mundo do dane-se” (o imediatismo que abre para outros vícios de prazer instantâneo - maconha continua como o mais comum - tornando a construção mais difícil ainda).
Ou seja, o Superego do mimado é um monstro poderoso que amedronta e pede (ou impõe) o alívio dos vícios.
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