segunda-feira, 30 de junho de 2025

ALGORITMO (aprendi hoje)

 


Um algoritmo é uma sequência finita de instruções ou operações bem definidas que são seguidas para alcançar um objetivo específico, como resolver um problema ou executar uma tarefa.

Uma receita de bolo é um algoritmo, p.ex.

A origem da palavra é o nome do sábio persa que criou os algarismos arábicos. A propósito, "algarismo" também vem do nome dele.







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AS LEIS ERRADAS DO SUPEREGO

 


Como resultado do medo do desamparo, fomos absorvendo no Superego, desde cedo, várias crenças e leis que vieram de nossa criação, mas que são convicções erradas.

Elas serviam ao que o senso comum da época considerava certo, e foram reproduzidas por nossos pais ou criadores de modo a que nos adaptássemos ao mundo, e que não déssemos problema em casa.

Não houve má intenção dos pais no processo, apenas incompetência natural de dar conta de nossas singularidades, já que eles próprios foram atropelados pelo mesmo tipo de criação de poder concentrado: um ou dois criadores têm um trabalho imenso e uma limitação maior ainda de fazer uma educação dos filhos que atenda a suas complexidades.

Meu exemplo caricatural dessas leis erradas é uma que já saiu de moda, por tão absurda que era: “não pode ser canhoto!” As crianças nascidas assim eram obrigadas a amarrar suas mãos esquerdas para só usar a direita.

Assim, acabavam “ambidestros”, pois não perdiam a habilidade da mão esquerda, mesmo ganhando a da direita. O último exemplo que me lembro dessa esquisitice foi o comediante e entrevistador Jô Soares.

(Na foto, Jô me entrevistando quando do lançamento do "Natureza humana", em 2014)







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O AMIGO PERGUNTA SE OS CÃES TAMBÉM TÊM SUPEREGO

 


“Você diz que o Superego se forma por adestramento na infância, que nós somos adestrados, assim como os cães, e que eles também têm Superego. Pode explicar?”

Francisco Daudt. Você já viu “cara de cachorro que quebrou panela”? Pois é, eles também sentem culpa, também têm medo de que não gostemos mais deles, também temem seus Superegos, como nós.

Como isso se deu? Há 15 mil anos, lobos começaram a se aproximar de acampamentos humanos em busca de comida. Foi assim que os cães se tornaram os primeiros animais domésticos: eles foram adestrados às nossas conveniências, em troca de amparo.

A partir daí começou uma seleção artificial em que os mais dóceis eram mais amparados, e os mais rebeldes eram eliminados. Mais tarde a seleção artificial dos cães atendeu a conveniências diferentes, e nosso poder sobre eles criou raças especializadas para nos prestar diferentes serviços, como os cães pastores, cães de companhia, cães de guarda etc.

A diferença é que eles não desenvolvem independência e autonomia, nem saem de casa para morar sozinhos: isso é um potencial que nós temos e eles não. Eles não conseguem prover seu próprio amparo, eles vão precisar sempre de nós. Serão sempre fiéis servidores.

“Ah, mas meu cão não é servidor, eu é que o sirvo; ele é um tirano!” Pois é: ele foi adestrado por você para ser assim. Seu desejo de amparo foi reverso, você tem o amparo dele, você o treinou para o domínio. Chama-se isso de “codependência”. O cão fica parecido com esses filhos mimados, “tiranos de aldeia” que só mandam em seu quintal, incapazes de ir para o mundo. Ele continua sob seu domínio, só que ao contrário.

Mas voltando ao adestramento para formação do Superego, o ponto chave é o medo do desamparo. Não é tanto pelo medo da chinelada; o principal medo é dono (ou o pai/mãe) virar-lhe a cara, se você o desagradar. É assim que entra o “bug no sistema”, um software automático que parece falar de dentro da nossa cabeça, parece nos dar choques quando contrariamos suas leis.

Ok, os cães não têm saída, o Superego deles vai ficar intacto para sempre; aliás eles nem precisam de saída, pois o contrato com eles é diferente.

O que queremos para nós e para nossos filhos é diferente: queremos mandar em nossas vidas. Não queremos ser prisioneiros, nem da submissão, nem da rebeldia. Precisamos, para isso, nos libertar de nosso adestramento: eliminar do Superego suas leis idiotas (“você tem que ser outra pessoa!”) e tomar para nós suas leis corretas (“você tem que ser honesto!”).

Eu “tenho que ser honesto?” Coisa nenhuma! Eu gosto de ser honesto. Vou ser honesto por gosto, não por medo da cadeia, nem por medo do Superego.







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quinta-feira, 22 de maio de 2025

SURPRESAS DA ATUALIDADE

 


Gustavo Wong é meu aluno de Psicanálise do Superego, mas não está interessado na profissão, e sim na teoria. 

Ele usa seus conhecimentos para tornar mais pessoal seu "trabalho": ele ganha a vida como streamer, fazendo lives de videogame, atualmente um de pokemon. 

Quem quiser entrar em sua live, todos os dias depois das 13h. Quem, como eu, não sabe nem entende - nem se interessa - sobre o assunto, pode passar o link para a garotada próxima. Vai que eles curtam?

Na foto, o Gustavo. Abaixo, o link.














domingo, 20 de abril de 2025

UMA HISTÓRIA DE PÁSCOA

 



Aos 95 anos, minha mãe comandou mais um almoço de Páscoa. Todas as providências tomadas, ovinhos de chocolate escondidos no jardim, os filhos, genros, noras, netos e bisnetos enchendo a casa, ela apareceu por uns breves momentos, festejou e foi festejada, em seguida voltou para seu quarto, pois se a cabeça permanecia vívida como sempre, o corpo já não ajudava.

Às 3h30 da madrugada seguinte, o telefone me acorda (em 2008 ele ainda era fixo): “É melhor você vir, a ambulância está aqui, eles vão levá-la para o hospital”.

Ah, isso é que não vão mesmo! Em 5 minutos cheguei lá e os enfermeiros já desciam as escadas com ela na maca, tentando arrancar fora o cateter de oxigênio. “Pode voltar agora e colocar ela de volta na cama, que ela quer morrer em casa!”

Esse negócio de ser médico dá base a uma autoridade muito funcional. O colega da ambulância me apertou as mãos, solidário, como a dizer, “se fosse minha mãe, eu faria o mesmo”.

Já na cama, ela disse, 
“Ah, que bom estar de volta ao meu cantinho! Mas, meu filho, afinal, qual é a minha doença?”
“É coração fraco, mãe”.
“Ahn… e as crianças, acharam os ovinhos?”
“Acharam sim”.

Murmurou alguma satisfação, e morreu. No comando de sua vida até o último minuto…







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domingo, 6 de abril de 2025

VÍCIOS COMPORTAMENTAIS

 


Vício comportamental não sexual: domínio-submissão

Sintomas

1. Compulsão para ocupar um dos papéis, dominante ou submisso, em todas as situações.
2. Existe em relacionamentos afetivos ou profissionais.
3. Sempre é mais evidente em um dos polos, o dominante ou o submisso.
4. Sempre é mais sutil no polo oposto, p.ex., o tirano no trabalho é vassalo em casa.
5. É um dos jeitos de as neuroses de transferência se manifestarem.
6. É um jeito de pensar o mundo (dividido em dominadores e submissos).
7. É uma das manifestações mais comuns do narcisismo.
8. É uma das faces mais cruéis das religiões tirânicas (fiéis e infiéis; “morte aos infiéis”).
9. É face cruel de fanatismo político (“nós contra eles” / polarização extremada).
10. É a maneira principal de como o Superego lida conosco (obediente ou rebelde).
11. Costuma vir junto com o sadomasoquismo básico, fodão-merda e o vício winner loser (vencedor-perdedor). Um ou mais, dos três.

Regras para diagnóstico

1. As mesmas dos genéricos.
2. Item 1 com o 2 dá 100% de diagnóstico.
3. Outros itens dão peculiaridades e graus de gravidade.

Perguntas

1. As mesmas dos genéricos.
2. Histórico familiar de domínio-submissão abusiva.
3. Estaria repassando o abuso (dominador)?
4. Estaria revivendo o abuso (submisso)?
5. Histórico familiar de ter sido mimado (leva mais frequentemente à predominância do domínio).
6. Histórico familiar de ter sido mimado por um e dominado pelo outro, principalmente em pais separados.
7. Existe neurose de transferência envolvida?
8. Existe sadomasoquismo básico envolvido (crueldade ou vitimismo)?
9. Existe fodão-merda ou winner loser envolvidos?
10. Existe fé religiosa / fanatismo religioso envolvidos?
11. Existe fé política / fanatismo político envolvidos?
12. Existe polarização política extremada?

Vicio comportamental não sexual: sadomasoquismo básico

Sintomas

1. Os mesmos dos genéricos.
2. Predominância de um dos papéis com sutileza do outro (a vítima masoquista se vinga sadicamente de maneira terceirizada: mostrando ao mundo a monstruosidade do algoz).
3. Crueldade moral ou física, imposta ou sofrida, ou ambas.
4. Prazer em maltratar, em machucar, em ferir, em esculachar, em diminuir o outro.
5. Vitimismo (a “nobreza do martírio”, a superioridade moral do sofredor).
6. Cultivo do drama como razão para o maltrato;
7. Cultivo do drama por sua condição de vítima, para mostrar ao mundo a crueldade de seu algoz.
8. Cultivo do sentimento de culpa para a busca de penitências sofridas.
9. Costuma fazer parte das neuroses de transferência.
10. Costuma se acompanhar de outras modalidades parentes (domínio submissão; fodão merda; winner loser)

Regras para diagnóstico

1. As mesmas dos genéricos.
2. Os itens 1, 2 e 3 dão 100% do diagnóstico.
3. Outros itens dão gravidade e características.

Perguntas

1. As mesmas dos genéricos.
2. Existe neurose de transferência envolvida?
3. Existem domínio-submissão, fodão-merda e/ou winner-loser junto?
4. Pesquisar história familiar desses vícios.







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O AMIGO PERGUNTA SOBRE O ESTRANHAMENTO E A PSICANÁLISE

 


“Você diz que a psicanálise, assim como a ciência, tem o estranhamento como motivação. Pode me explicar?”

Francisco Daudt: O estranhamento é o incômodo que motiva um dos nossos três desejos básicos, a vontade de entender (os outros dois são o desejo de prazer e o desejo de justiça, motivados pelo apetite/tesão e pela indignação/raiva, seus incômodos respectivos). Os três servem ao nosso DNA: sobrevivência pessoal e a da espécie.

O estranhamento é uma sofisticação de um de nossos medos básicos: o medo ao que não nos é familiar, o medo ao estranho. Um bebê, quando nos estranha, começa a chorar de medo: “ele está me estranhando”, diz-se. Se você vê um estranho à noite numa rua deserta, ele será uma ameaça até prova em contrário, até você torná-lo em algo familiar. Esse é um preconceito que salva vidas.

O mesmo se passa com fenômenos estranhos da natureza: buscar entender o que nos diz o clima, as nuvens, o vento, nos leva a tomar atitudes de proteção que podem salvar nossas vidas. É isso que está na base da busca de explicações. De início, inventadas: “os deuses estão furiosos, precisamos acalmá-los”. Depois do Iluminismo, pesquisadas: “eu ainda não sei, mas quero saber”: foi o nascer da ciência.

O mesmo se passou com Freud e sua invenção científica, a psicanálise: a paralisia da histérica causava estranhamento. Ele pesquisou (de início, via hipnose) e conseguiu uma compreensão: havia uma substituição acontecendo nela sem que ela tivesse consciência disso. Saía o horror de se ver com desejo sexual, entrava o problema mais controlável de se ver com a mão paralisada.

Então foi o estranhamento que levou à compreensão de um inconsciente operando em nós, de um Superego impondo leis contra o desejo sexual, de uma doença (a neurose) que continha esses elementos combinados de forma… estranha: assim nasceu a psicanálise.







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