terça-feira, 1 de abril de 2025

OLHANDO O LUCRO

 


Todos os dias o pai deixava o remédio pronto na cabeceira do filho adormecido, e abria um pouco a janela para a luz entrar. Era seu jeito de ajudar o filho a acordar bem.

Um dia ele se esqueceu. Quando mais tarde eles se encontraram, o filho lhe disse: “Poxa, pai, quando vi que o remédio não estava lá, eu me dei conta do quanto é bacana você me ajudar todos os dias!”

O pai quase chorou de emoção: ele costumava comentar com o filho as coisas legais que vivem…






Cadstre-se em: drdaudtai.com


LUTO PATOLÓGICO



Sintomas

1. Luto grave (perda pessoal ou profissional - de ligações afetivas, de gente morta ou viva/rompimentos)
2. Luto grave prolongado (mais de seis meses sem diminuir)

3. Sintomas depressivos

4. Pensamentos suicidas

5. Luto com forte sentimento de culpa

6. Vícios de substâncias e sadomasoquista com predomínio masoquista

7. Sintomas obsessivos

8. Alegria causando culpa (falta de direito à alegria)

9. Apego ao sofrimento como forma de punição pela culpa

Regras para diagnóstico

1. Os itens 1 e 2 dão 100% do diagnóstico

2. Os demais itens dão dimensão da gravidade, se somados aos 1 e 2

Perguntas

1. De que tipo de perda se trata? (Profissional, status, gente viva, morta)

2. Qual a dimensão da perda? (Grau de desamparo)

3. Qual a complexidade da perda? De que elementos ela se compõe?

4. Sentimento de culpa envolvido?

5. Que consolos estão sendo usados? (Vícios, masoquismo etc.)

6. Que consolos estão sendo rejeitados? (Obrigação moral de sofrer)

7. No caso de pensamentos suicidas, de que gravidade?







Cadstre-se em: drdaudtai.com


 

sábado, 22 de março de 2025

A ECONOMIA DO LUTO

 


“Eu me separei da minha namorada que me enchia o saco, mas ando meio triste, pensando muito nela. O que se passa?”

Francisco Daudt: Existe uma base econômica para qualquer dos nossos atos: todos passam por uma avaliação de custo-benefício e são feitos quando se reúnem motivação, meios e oportunidade. 

Você rompeu movido pelos custos, pois sua balança interna - consciente ou não - de custos-benefícios pendeu para o peso dos custos. Os custos (psíquicos e outros) cessaram, mas… os benefícios também. O luto é sempre pela perda dos benefícios.

Por comparação, o cliente que perdeu sua mãe depois de 15 anos de Alzheimer me disse que não sentiu luto nenhum. Pudera, os benefícios já tinham se perdido ao longo daquele tempo, o luto foi em pequenas prestações, e só ficaram os custos. Ninguém tem luto por custos cessantes.





Cadstre-se em: drdaudtai.com


CSI E PSICANÁLISE

 


“Você diz que gosta dos CSI (investigação da cena do crime) porque eles são parecidos com a boa psicanálise. Como assim?”

Francisco Daudt: Tanto neles como na psicanálise, tudo começa com um enigma complexo. A investigação, lá e cá, é um trabalho de engenharia reversa com tentação de respostas rápidas a ser evitada. 

O engraçado é que eles têm personagens toscos (o policial careca Rex Linn) que sempre saltam para se agarrar em conclusões (“jump to conclusions”) rasas, enquanto a turma científica reúne fragmentos que sirvam de pistas, e nunca “fecham o caso” enquanto não descobrem bases consistentes para suas hipóteses.

Essas bases vêm de diversas fontes: da balística (minha adorável Emily Procter), da legista (mais querida ainda Khandi Alexander), do laboratório (Eva LaRue), do pessoal da cena (Adam Rodriguez e Jonathan Togo), todos levando seus achados para o analista principal David Caruso, que liga as provas e apresenta suas dúvidas até se dar por satisfeito.

Esse trabalho de levantar hipóteses a partir dos achados, e deixá-las vulneráveis à refutação e ao descarte diante de novas evidências é a cara do método científico de Karl Popper, meu farol-guia da investigação psicanalítica. 

Raciocinar junto tendo a razão iluminista como bússola é o meu barato, no CSI e no consultório.





Cadstre-se em: drdaudtai.com


O AMIGO PERGUNTA SOBRE PSICOPATAS


“Já ouvi você dizer que se o psicopata não tivesse Superego ele podia se dedicar a polir maçanetas, por exemplo. Me explica a psicopatia então?”

Francisco Daudt: A psicopatia é outra doença que a psicanálise não alcança. Suas características (falta de empatia; manipulação; ausência de culpa ou remorso; comportamento impulsivo sem medir consequências; charme superficial; desrespeito por normas sociais) sugerem que ela funcionaria como o mais alto grau de narcisismo.

É senso comum dizer que o psicopata não tem Superego, mas não entendo assim. Ao contrário: já disse que o narcisismo traz consigo um Superego especialmente cruel, que impele a uma constante defesa de suas acusações desqualificantes da pessoa (“você é mesmo um merda”). 

Imagine-se isso num psicopata! Se o psicopata não tivesse Superego, ele poderia se dedicar a outras coisas na vida, em vez de ter que desafiá-lo o tempo todo.




Cadstre-se em: drdaudtai.com



 

terça-feira, 4 de março de 2025

“COM UM TIRANO NA CABEÇA” - A PSICANÁLISE DO SUPEREGO E SUA HISTÓRIA

 


Mas por que o mal-estar com o pai seria traumático? É óbvio, está diante de nossos olhos, mas como é tão comum e básico, nós não vemos: concentração de poder, e de poder de amparo. 

Nossa espécie nasce tão necessitada de amparo, que pagamos qualquer preço para tê-lo. Se alguém tem o monopólio do nosso amparo (como na paixão, p.ex.), esse alguém adquire um poder sem igual sobre nós: vamos querer agradá-lo, vamos fazer qualquer coisa para que ele não nos abandone, não nos desampare, acima de tudo vamos temê-lo. 

É dai que vem a expressão “temor a Deus”: ele concertava todo o amparo. É só lembrar o que ele fez com Adão e Eva: desobedeceram? Desamparados para sempre…

Essa concentração de poder tem a ver com a política: no governo tirânico, só há um poderoso, e todos o temem. Na democracia, os poderes são três, eles conversam entre si e vigiam para que ninguém se torne monopolista, inibem candidatos a tirano: os direitos são iguais.

(Do meu livro em andamento).






Cadstre-se em: drdaudtai.com


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

A MELHOR CONTRIBUIÇÃO DA FERNANDA TORRES AO BRASIL…

 


A MELHOR CONTRIBUIÇÃO DA FERNANDA TORRES AO BRASIL…

…é sua capacidade de autogozação. A leveza com que ela ri de si mesma influencia nosso senso comum a valorizar o não levar-se a sério.

Ela pode ganhar o Oscar por um drama, mas já ganhou meu coração por fazer um lindo marketing do “tirar drama” em cada aparição pública que nos faz sorrir. 

Ela abranda o Superego nacional!






Cadstre-se em: drdaudtai.com