domingo, 10 de abril de 2022

SENTIMENTO DE CULPA

 



1958 - Calouro sofre, e não era diferente quando entrei no Santo Inácio. Os alunos do Admissão sofriam bullying dos veteranos, que nos chamavam de “bebês”.

Entre os veteranos havia um anão, que resolveu entrar na onda e me chamou de bebê. “Olha quem fala…”, debochei de volta. O colega dele me mandou um olhar prenhe de censura, apontando para a condição especial do mini-bully.

Morri de sentimento de culpa. Tanto, que resolvi me confessar. Chegado ao confessionário, não sabia qual mandamento teria transgredido, mas meu crime se parecia muito mais com um pecado mortal do que qualquer dos atos libidinosos que praticava assídua e solitariamente.

Expliquei meu crime ao padre, ele não se impressionou, me despachou com uma merreca de três ave-marias como penitência. Eles só gostavam do 6º mandamento. Só pensavam “naquilo”…



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